Sintomas, causas e tratamento da dislalia

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Philip Kelley
Sintomas, causas e tratamento da dislalia

O dislalia É um dos distúrbios de linguagem mais comuns entre as crianças durante os anos pré-escolares e primários. É um distúrbio da articulação de diferentes fonemas ou grupos de fonemas.

Na dislalia, os órgãos que intervêm na fala, também chamados de órgãos fonoarticulatórios (lábios, mandíbula, palato mole, língua etc.), são colocados de forma incorreta, dando origem a uma pronúncia inadequada de determinados sons ou fonemas.

Exemplos de dislalia

A dislalia é caracterizada pela presença de erros na articulação dos sons da fala em pessoas que não apresentam patologia relacionada ao sistema nervoso central..

Em algumas ocasiões, esse defeito de pronúncia derivado de má articulação pode se tornar automatizado e normalizado, isso é evidenciado na linguagem escrita.

A dislalia pode afetar qualquer consoante ou vogal. Porém, a alteração da pronúncia ocorre com mais frequência em alguns sons como / r /, uma vez que sua articulação exige maior agilidade e precisão nos movimentos..

Também tende a ocorrer no / k /, pois o ponto de articulação não é visível e, portanto, a imitação é mais difícil, assim como no / s /, onde há uma deformação na posição articulatória da língua.

Índice do artigo

  • 1 tipos de dislalia
    • 1.1 Dislalia evolutiva ou fisiológica
    • 1.2 Dislalia audiogênica
    • 1.3 Dislalia orgânica
    • 1.4 Dislalia funcional
  • 2 Causas de dislalia funcional
    • 2.1 Fraca capacidade motora
    • 2.2 Dificuldades na percepção de espaço e tempo
    • 2.3 Falta de compressão ou discriminação auditiva
    • 2.4 Fatores psicológicos
    • 2.5 Fatores ambientais
    • 2.6 Deficiência intelectual
  • 3 sintomas
    • 3.1 Substituição
    • 3.2 Distorção
    • 3.3 Omissão
    • 3.4 Adição
    • 3.5 Investimento
  • 4 Avaliação
    • 4.1 - Entrevista com os pais
    • 4.2 - Articulação
    • 4.3 - Habilidades motoras
    • 4.4 - Discriminação auditiva
    • 4.5 - Tônus muscular e relaxamento
  • 5 Tratamento da dislalia funcional
  • 6 referências bibliográficas

Tipos de dislalia

Seguindo Pascual (1988), a dislalia pode ser classificada de acordo com sua etiologia. Assim, podemos distinguir entre:

Dislalia evolutiva ou fisiológica

Este tipo de dislalia ocorre em algumas fases do desenvolvimento da fala infantil onde as crianças ainda não articulam bem os diferentes sons ou distorcem alguns fonemas.

As causas desse fenômeno podem ser imaturidade, ausência de discriminação auditiva, descontrole no sopro, distúrbios respiratórios ou movimentos inadequados dos órgãos articulatórios.

Na evolução da maturidade da criança essas dificuldades são superadas, somente se persistirem entre quatro ou cinco anos é que a consideraríamos como patológica..

Dislalia audiogênica

A etiologia da dislalia audiogênica reside na presença de um déficit auditivo que é acompanhado por outras alterações de linguagem, como voz e ritmo.

A audição correta é essencial para articular os sons de maneira adequada..

Dislalia orgânica

A dislalia orgânica se origina devido a uma lesão no sistema nervoso central (disartria) ou devido a uma alteração orgânica dos órgãos periféricos da fala sem danos ao sistema nervoso central (disglossia).

Dislalia funcional

A dislalia funcional é gerada por um funcionamento inadequado dos órgãos articulatórios, sem evidências de dano ou lesão orgânica. Entre as dislalias funcionais, distinguimos transtorno fonético e transtorno fonológico.

Os distúrbios fonéticos são alterações na produção dos fonemas. A alteração está focada no aspecto motor da articulação.

Os erros são estáveis ​​e pode-se observar que os erros de som aparecem igualmente na repetição da linguagem espontânea. Não há alteração nos processos de discriminação auditiva.

Os distúrbios fonológicos são alterações no nível perceptual e organizacional, ou seja, nos processos de discriminação auditiva, afetando os mecanismos de conceituação dos sons e a relação entre significado e significante..

Nestes casos, a expressão oral da linguagem é pobre e dependendo da gravidade pode se tornar ininteligível.

Os erros costumam ser flutuantes. Isoladamente, os sons podem ser bem articulados, mas a pronúncia da palavra é afetada.

Causas de dislalia funcional

Entre as causas mais comuns de dislalia funcional, encontramos:

Fraca habilidade motora

Existe uma dificuldade em articular a linguagem e as habilidades motoras finas. Parece haver uma relação direta entre o atraso motor e o grau de atraso da linguagem nas alterações de pronúncia.

Esta é a causa mais comum em casos de dislalia. Crianças com dislalia apresentam falta de jeito nos movimentos dos órgãos articulatórios e déficit na coordenação motora geral, que só é observável em termos de motricidade fina.

Dificuldades na percepção de espaço e tempo

Nestes casos, a pessoa com dislalia apresenta dificuldades de percepção e organização do espaço e do tempo..

Se a criança tem dificuldade em percebê-lo e não internalizou as noções espaço-temporais, a linguagem é difícil.

O desenvolvimento desta percepção é importante para a linguagem evoluir.

Falta de compressão ou discriminação auditiva

O indivíduo não consegue imitar sons porque não os percebe corretamente, ou seja, não consegue discriminar.

Às vezes a criança ouve bem, mas analisa ou faz uma integração inadequada dos fonemas que ouve.

Fatores psicológicos

Existe uma grande variedade de fatores psicológicos que podem afetar o desenvolvimento da linguagem, como qualquer transtorno afetivo, desajuste familiar, falta de afeto, ciúme entre irmãos, traumas ou ambientes superprotetores..

Fatores Ambientais

Dentre os fatores ambientais, destacam-se situações de bilinguismo, superproteção materna, institucionalização da criança ou aprendizagem por imitação, bem como de baixo nível cultural.

Discapacidade intelectual

Nestes casos, a dislalia funcional seria secundária ao déficit intelectual.

Sintomas

Os sintomas da dislalia variam dependendo do grau de envolvimento. A dificuldade de articulação pode variar de um fonema específico a vários fonemas, tornando a linguagem ininteligível..

A sintomatologia consiste na prática de erros. Os erros mais comuns cometidos na dislalia são:

Substituição

O erro de substituição consiste em substituir um som por outro.

Por exemplo, o indivíduo não consegue pronunciar o som / r / então o substitui por outro fonema mais fácil para ele, como o som / l /, ou seja, "latão" em vez de "mouse".

Às vezes, a criança comete esse erro de substituição devido ao déficit de discriminação auditiva, ou seja, a criança percebe indevidamente uma palavra e faz esse som conforme ela é percebida.

Por exemplo, a criança percebe "van" em vez de "van". A substituição pode ser no início, meio ou final da palavra.

Distorção

O erro de distorção consiste quando damos a ele uma forma incorreta ou deformada tentando aproximar mais ou menos da junta apropriada.

Devem-se principalmente ao posicionamento incorreto dos órgãos de articulação. Por exemplo, a criança diz "perdo" em vez de "cachorro"..

Omissão

O indivíduo omite o fonema que não consegue pronunciar, mas não o substitui.

Às vezes, essa omissão é de um único fonema como "osquilleta" em vez de "rosquilleta" e outras vezes a omissão é de uma sílaba completa "lota" em vez de "bola".

No caso de dois grupos consonantais terem que ser pronunciados "bla", "cri", etc., a consoante líquida é omitida.

Adição

O erro de adição consiste em adicionar um fonema à palavra para facilitar a pronúncia.

Por exemplo, "tigres" em vez de "tigres", "quatro" em vez de "quatro" ou diga "aratón" em vez de "rato".

O problema com esse tipo de erro é que ele pode se tornar automatizado e se transformar em mais uma palavra.

Investimento

O erro de inversão consiste em modificar a ordem dos sons. Por exemplo, diz "cacheta" em vez de "jaqueta".

Avaliação

Para a avaliação da dislalia funcional em crianças, devemos levar em consideração os seguintes aspectos:

- Entrevista com os pais

A entrevista com os pais é de grande relevância para se poder obter uma anamnese do problema, tanto pessoal quanto familiar..

Esta entrevista é o primeiro passo necessário em qualquer diagnóstico. Não serão explorados apenas dados estritamente linguísticos, mas também aqueles que se referem à maturação geral..

Nessa entrevista, serão coletadas informações relacionadas a dados pessoais como história pessoal, desenvolvimento motor, personalidade, escolaridade, além de dados familiares..

- Articulação

Para realizar a avaliação nas dislalias, é necessário examinar a articulação para saber exatamente quais são os defeitos que o sujeito apresenta. Esta avaliação da pronúncia deve ser exaustiva e sistemática para não nos levar a um diagnóstico incorreto.

Portanto, é necessário detalhar a situação do fonema-problema, se ele é inicial, intermediário ou final e a que tipo de expressão se refere, se repetido, a linguagem dirigida ou espontânea, dependendo da frequência, irá variar sua articulação dificuldades de um para o outro..

É preciso considerar que as dificuldades que surgem na linguagem repetida também aparecerão na linguagem dirigida e espontânea, pois supomos que, se a criança não consegue imitar, também não conseguirá fazê-lo espontaneamente..

Para a avaliação da linguagem repetida, é utilizada uma lista de palavras na qual o som examinado está contido em todas as situações mencionadas. Para avaliar a linguagem dirigida, apresentamos alguns objetos ou figuras conhecidas da criança, cujos nomes contêm o fonema a ser examinado..

Para avaliar a linguagem espontânea, são utilizadas conversas informais, perguntas, etc. Assim, uma avaliação psicológica pode ser considerada caso haja disparidade entre a linguagem repetida e a espontânea, sendo a primeira corretamente elaborada, enquanto a fala espontânea torna-se ininteligível..

Isso poderia nos levar a considerar um problema afetivo-emocional, caso em que seria necessário um exame psicológico da criança..

- Habilidades motoras

Em muitos casos, um atraso motor pode ser um fator causal que favorece o aparecimento de uma dislalia funcional.

Às vezes o atraso motor é generalizado e em outros casos a dificuldade está especificamente na movimentação dos órgãos articulatórios.

- Discriminação auditiva

É importante avaliar a habilidade de percepção auditiva em referência à discriminação de sons ambientais, articulações e palavras.

Para realizar esta avaliação, pares de cada uma das três áreas a serem examinadas serão propostos a você:

Discriminação de sons ambientes:

Sons familiares são usados ​​para avaliar a discriminação de sons ambientais, por exemplo, folhas de jornal.

O estímulo A será “rasgar uma folha de jornal” e o estímulo B será “amassar uma folha de jornal”, o sujeito de costas para o profissional deve dizer qual som pertence a qual ação.

Discriminação conjunta:

Para avaliar a discriminação das articulações, vamos escolher três sílabas semelhantes, como "ba", "da", "ga".

Esses estímulos são apresentados aos pares e o indivíduo deve ser capaz de discriminar qual é cada som.

Discriminação de palavras:

Para avaliar a discriminação de palavras, as palavras são escolhidas para poder avaliar a habilidade de discriminar os sons da articulação inserida nas palavras.

Para isso, pede-se que repitam as palavras que está a apresentar aos pares, se forem diferentes ou se forem as mesmas palavras, como "pequenino", "boca" / "gato", "pato /.

  • Respirando

A respiração é necessária para a emissão da voz e a articulação da linguagem.

É importante conhecer a capacidade respiratória do indivíduo, se existem defeitos no processo respiratório e o controle e direcionalidade do ar expirado.

- Tônus muscular e relaxamento

A tensão muscular desempenha um papel na articulação da linguagem. Principalmente na área oral, pois às vezes bloqueia a agilidade de articulação das palavras.

Tratamento na dislalia funcional

Para desenvolver um programa de articulação devemos estabelecer:

  1. O objetivo que queremos alcançar, no nosso caso, a articulação correta de um fonema ou grupo de fonemas que não é possível espontaneamente.
  2. Definir conduta: articulação correta de um ou mais fonemas em espanhol.
  3. Requisitos anteriores: que a criança seja capaz de prestar atenção, imitar e seguir instruções orais. O ouvido e o aparelho de fala devem funcionar normalmente.

Modelagem é uma técnica operante usada para aumentar comportamentos. Esta técnica é indicada quando o comportamento que queremos alcançar não existe. Para fazer isso, iremos reforçar as abordagens (as partes em que dividimos o comportamento) até atingirmos o objetivo final..

O reforçador deve ser contingente e deve ser entregue imediatamente após a conduta ser emitida. Para aplicar a moldagem é necessário:

  1. Defina o comportamento final que queremos alcançar.
  2. Selecione os reforços a serem usados.
  3. Estabeleça a linha de base ou ponto de partida.
  4. Estabeleça aproximações sucessivas.
  5. Saiba como usar outras técnicas comportamentais, como instruções, modelagem, orientação física ou indução situacional.
  6. Reforçar imediatamente

As fases que vamos seguir serão:

  1. Linha de base: na fase de avaliação poderemos saber quais fonemas são os que causam problemas e em que posição da palavra causam maior dificuldade.
  2. Moldagem da junta fonêmica: o profissional atua como modelo ao articular o fonema duas vezes.
  3. Formação de fonema em linguagem repetida. Uma lista de palavras e frases é feita com o fonema com o qual estamos lidando.
  4. Formação de fonemas em toques. Apresentamos objetos, fotos ou desenhos que contêm o fonema discutido. Passamos para a próxima fase após 10 respostas adequadas.
  5. Formação de fonema em intraverbos. Fizemos uma lista com dez questões cuja resposta implica o fonema intervencionado.
  6. Avaliação final. Apresentamos as palavras que havíamos apresentado para estabelecer a linha de base e, assim, saber se há diferenças entre o teste-reteste.
  7. Generalização. Avaliamos outros ambientes da criança e treinamos professores, pais, etc. atuar como co-terapeutas da intervenção.
  8. Rastreamento. Aproximadamente duas vezes por mês, passaremos no teste de linha de base novamente para ver se a intervenção está sendo ideal.

Referências bibliográficas

  1. Aldana, Y. (2007). Manual prático para professores. Atividades para trabalhar as dislalias funcionais em crianças entre 6 e 10 anos de idade. Maracaibo: UNICA
  2. Alonso, P. (2010). Dislalia (classificação, diagnóstico e tratamento).  Revista digital Arista 2 pp. 159-162.
  3. Barros, A. e Flores, F. (1974). Dislalia: problema de linguagem ou problema de fala? Rev. Chilena de Pediatría 45 (6) pp.501-504.
  4. Moreno, R e Ramírez M.A. (2012). Os quartos da dislalia. ReiDoCrea (1) pp. 38-45.
  5. Régio. N. (1999). Dislalias. Rev. Cubana Ortod 14(2), 89-93.
  6. Rodríguez, E. (2010). Alunos com dislalia: avaliação e intervenção. Revista digital: reflexões e experiências inovadoras na sala de aula (25).

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