Origem do nadaismo, características, autores, obras

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Philip Kelley

O nada Foi um movimento literário que surgiu na Colômbia no final dos anos 1950 como uma resposta ao sistema social e cultural que prevalecia naquela época. Essa corrente buscou revolucionar os estatutos tradicionalmente instituídos por instituições e academias..

O principal criador do Nadaism foi o escritor, poeta e jornalista colombiano Gonzalo Arango. Este autor orientou o comportamento do movimento aos preceitos das correntes de vanguarda da época e convidou vários jovens a ingressarem..

Gonzalo Arango Arias, principal representante da Nadaism. Fonte: gonzaloarango.com.

Embora em princípio o conceito não fosse bem definido, estava associado à percepção e interpretação da existência. O nadaismo foi uma espécie de protesto social e sua intensidade e polêmica perseguiram a provocação das elites sociais, culturais, políticas, religiosas e morais..

A filosofia desse movimento foi baseada no pensamento do francês Jean Paul Sartre, do alemão Friedrich Nietzsche e do americano Henry Miller. Seu legado foi a mudança constante.

Índice do artigo

  • 1 origem
    • 1.1 - Reivindicações de nada
    • 1.2 - Primeiro manifesto nadaísta
    • 1.3 - Sobre seu criador
  • 2 recursos
    • 2.1 Proposta Gratuita
    • 2.2 O artista como humano
    • 2.3 Ampla concepção de poesia
    • 2.4 Prosa e seu sentido expressivo
    • 2.5 Orientação para o novo
    • 2.6 Originalidade
    • 2.7 Temporalidade
    • 2.8 Vitalidade
  • 3 Autores e trabalhos representativos
    • 3.1 - Elmo Valencia (1926-2017)
    • 3.2 - Eduardo Escobar (1943)
    • 3.3 - Jaime Jaramillo Uribe (1917-2015)
    • 3.4 - Amílcar Osorio (1940-1985)
  • 4 referências

Fonte

O nadaismo surgiu em 1959 na cidade de Medellín, na Colômbia, por iniciativa do escritor Gonzalo Arango. Seu nascimento esteve vinculado ao contexto político-social do país, que se caracterizou pela duplicidade de critérios de quem devia manter a ordem e o bom funcionamento do Estado..

Este movimento literário e filosófico nasceu em meio a uma sociedade governada pelos movimentos políticos que levaram Gustavo Rojas Pinilla ao poder, após um golpe contra Laureano Gómez. O nadaismo surgiu como um mecanismo de defesa contra as tradições religiosas, sociais e literárias de meados do século 20.

- Reclamações de travessura

O primeiro passo de Arango foi motivar um grupo de jovens escritores colombianos a ingressar no movimento. Os membros do Nadaism tentaram irritar os escalões superiores da sociedade apelando para um protesto social constante das normas estabelecidas.

O nada buscou com intensidade e rebeldia quebrar e desestabilizar a "ordem" estabelecida em um ambiente caracterizado pela miséria e pelas convenções. Havia nesse movimento a necessidade de incorporar as inovações literárias de vanguarda que surgiam para expressar com maior liberdade sua percepção de vida..

- Primeiro manifesto nadaista

Gonzalo Arango assumiu a tarefa de escrever um documento no qual expressasse a razão de ser do Nadaismo como movimento literário e filosófico. O documento foi dividido em treze estatutos. O texto referia-se ao conceito, ao artista, à poesia e à prosa, ao revolucionário e mutante, à educação e à liberdade.

O nada não foi especificamente definido por Arango neste manifesto. O intelectual o propôs como uma proposta ampla, baseada no espírito consciente e na busca do novo para encontrar a verdadeira liberdade do homem e seu valor na sociedade..

Estatutos

Os treze estatutos ou preceitos estabelecidos por Gonzalo Arango sobre o Nadaism são mencionados abaixo..

- "Definição de Nadaism".

- “Conceito sobre o artista”.

- "Nada e poesia".

- "Nada e prosa".

- "Proibido cometer suicídio".

- "Nadaism: princípio da dúvida e nova verdade".

- "Nadaísmo: legítima revolução colombiana".

- “Impostura da educação colombiana”.

- "Nadaism é uma posição, não uma metafísica".

- "Rumo a uma nova ética".

- "Solidão e liberdade".

- "O nadaismo e os cocacolos".

- “Não deixaremos uma fé intacta, nem um ídolo em seu lugar”.

- Sobre seu criador

Gonzalo Arango nasceu em 18 de janeiro de 1931 na cidade de Los Andes, em Antioquia. Destacou-se por ser escritor, jornalista e poeta. Sua obra literária foi marcada por conflitos entre liberais e conservadores e pelo papel da Igreja na educação na adolescência. Por esse motivo, seus escritos eram rebeldes e desafiadores.

A oposição constante de Arango ao que a sociedade de seu tempo impôs e à literatura que se desenvolveu o levou a criar o Nadaism. Foi assim que ele se afastou do sentimentalismo para abrir caminho para o novo. O poeta faleceu em 25 de setembro de 1976 em um acidente de carro, mas deixou um legado de estética literária renovada..

Principais trabalhos

- Primeiro manifesto nadaista (1958).

- As camisas vermelhas (1959).

- Sexo e saxofone (1963).

- Prosa para leitura na cadeira elétrica (1966).

- Boom contra pum pum (1967).

- Trabalho negro (1974).

Caracteristicas

Proposta grátis

Uma das principais características do Nadaism era que não estava sujeito a nenhuma organização, entidade ou partido político. Em vez disso, era uma proposta gratuita tanto em conteúdo quanto em estética, que buscava expandir as possibilidades literárias e culturais da Colômbia..

O artista como humano

Nadaism recusou-se a ver o artista, criador ou poeta como um ser superior. O movimento considerava que o artista não deveria ser valorizado como uma entidade distante do terreno, mas que era preciso retornar ao seu lugar humano para poder compreendê-lo. O homem expressa e o artista molda o exteriorizado.

Ampla concepção de poesia

O nadaismo se destacou por dar uma visão mais ampla à poesia. Ele o ergueu como um espírito desorientado, que buscava desorganizar o que estava estabelecido pelo sentimentalismo, igualdade e justiça. A poesia nadaista era rebelde, desafiadora, combativa e anti-tradicional.

Com a chegada do Nadaism no século 20, o desenvolvimento da poesia na Colômbia se separou dos preceitos métricos e rítmicos e com o tempo tornou-se irracional e menos retórico. Ele se encarregou de desvendar uma beleza diferente, baseada no puro e no oculto.

Prosa e seu sentido expressivo

Os nadaistas incluíram a prosa em sua revolução estética e deram a ela um caráter expressivo, mas do ilógico e do irracional. Nadaism convidou a exteriorizar a realidade do absurdo e se afastou da retórica organizada. O movimento deu ao artista ou escritor total liberdade para criar.

Orientação para o novo

Nadaísmo teve como objetivo dar ao cidadão colombiano uma cultura diferente daquela a que estava acostumado. Ele buscou a transformação de uma sociedade atolada na miséria e no poder dominante de uma minoria. Ele procurou dar à sociedade a liberdade e flexibilidade de conhecimento para se livrar da mentira da realidade.

Originalidade

Uma característica marcante do Nadaism foi sua originalidade e independência dos movimentos literários colombianos e estrangeiros. Era um tipo de cultura e forma de expressão isolada de todo pensamento e ideal europeus. Sua atenção estava voltada para o desenvolvimento do homem e não para os ornamentos da paisagem que o acompanhava..

Temporalidade

Os nadaistas conceberam seu movimento como temporário. Essa definição estava ligada ao constante processo de mudança em cada revolução. O nadaismo via o homem como uma entidade que deveria se renovar e não permanecer arraigada nos estatutos tradicionais de uma sociedade que apenas tentava disfarçar a realidade e limitar as liberdades..

Vitalidade

O nada celebrava a vida sem medo e com a convicção de que era uma só. É assim que em seus textos ele se refere a todos os tabus da sociedade do século 20, como o medo de um lugar diferente do céu e o castigo de Deus. Ele queria que o homem vivesse em uma realidade com infinitas opções.

Autores e trabalhos representativos

- Elmo Valencia (1926-2017)

Foi um escritor, romancista e ensaísta colombiano cujo trabalho se desenvolveu dentro dos parâmetros do Nadaismo. Sua trajetória literária se desdobrou entre publicações, manifestações culturais e a luta pela difusão de uma nova forma de arte em seu país natal. O intelectual foi o vencedor do Prêmio Novela Nadaísta de 1967.

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Elmo Valencia. Fonte: Libros y Letras.com.

- Islanada (1967).

- O universo humano.

- Bunda de garrafa. Poema.

- Eduardo Escobar (1943)

Ele nasceu em 20 de dezembro de 1943 na cidade de Envigado em Antioquia. Sua educação foi em grande parte autodidata; na adolescência, ele abandonou a escola para se dedicar à escrita e ao movimento nadaista. A sua obra englobou vários géneros literários, entre os quais ensaios, biografias, romances e contos..

Tocam

- Invenção da uva (1966).

- Do embrião à embriaguez (1969).

- Quack (1970).

- Confissão mínima (1975).

- Correspondência violada (1980).

- Nadaismo crônico e outras epidemias (1991).

- Provas e tentativas (2001).

- Prosa incompleta (2003).

- Poemas ilustrados (2007).

- Quando nada concorda (2013).

- cabos soltos (2017).

- Jaime Jaramillo Uribe (1917-2015)

Foi um escritor e historiador antioquenho que se destacou por conferir à história uma categoria profissional. Ele frequentou estudos universitários em ciências sociais e direito. A sua obra literária se encarregou de investigar e dar a conhecer a origem das ideias e pensamentos que surgiram no seu país; também analisou a forma de relacionamento dos grupos indígenas.

Tocam

Jaime Jaramillo Uribe. Fonte: centrodehistoriazipaquira.blogspot.com.

- Pensamento colombiano no século 19 (1964).

- Alguns aspectos da personalidade colombiana (1969).

- História da pedagogia como história da cultura (1970).

- Da sociologia à história (1994).

- Memórias intelectuais (2007).

- Filhos das trevas (2012).

- Amílcar Osorio (1940-1985)

Foi um escritor e poeta colombiano considerado um dos principais fundadores do Nadaism junto com Gonzalo Arango. Pouco se escreveu sobre sua vida e obra, mas sabe-se que o conteúdo de seus textos ia contra o sistema social, artístico e cultural de sua época..

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- O reclinado de Mantegna.

Referências

  1. nada. (2019). Espanha: Wikipedia. Recuperado de: es.wikipedia.org.
  2. Escobar, E. (2000-2019). nada. Colômbia: Gonzalo Arango. Recuperado de: gonzaloarango.com.
  3. O “nadaísmo” de Gonzalo Arango. (2016). Colômbia: Notimerica. Recuperado de: notimerica.com.
  4. Pinzón, C. (2008). Autores nadaistas. Colômbia: Autores Nadaístas. Recuperado de: copc9026b.blogspot.com.
  5. Primeiro manifesto nadaista. (2000-2019). Colômbia: Gonzalo Arango. Recuperado de: gonzaloarango.com.

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