Streptococcus viridans É um grupo heterogêneo composto por cerca de 20 espécies de bactérias estreptocócicas que são comensais, principalmente, da cavidade orofaríngea e do trato genital de mamíferos, de baixa patogenicidade e desprovidas de antígenos de Lancefield..
Por ser um nome pseudotaxonômico, muitos autores preferem usar os termos estreptococos do grupo viridans (SGV), estreptococos viridianos ou espécies de estreptococos viridianos..
No passado, a terminologia aplicada aos SGVs era confusa e inconsistente. O termo viridans refere-se ao fato de alguns dos membros do grupo serem α-hemolíticos que produzem uma coloração verde nas placas de ágar sangue, porém outros SGVs são não hemolíticos..
Embora os SGVs sejam comensais da cavidade oral, trato respiratório superior, trato genital feminino, todo o trato gastrointestinal e até mesmo a pele de humanos, eles podem causar infecções significativas quando a mucosa oral está significativamente danificada e os mecanismos de defesa estão ativados.
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Uma das primeiras tentativas de classificar os SGVs foi feita em 1906 por Andrewes e Horder, os primeiros a descrever as espécies, denominadas por eles, Streptococcus mitis, S. salivarius e S. anginosus..
Hoje, foi reconhecido que a última dessas espécies na verdade formava um grupo heterogêneo com pelo menos quatro outras espécies (Streptococcus milleri, S. constellatus, S. intermedius e o grupo S. milleri).
Na década de 1970, dois esquemas de classificação diferentes foram propostos:
A de Colman e Williams, que sugeriram a separação em cinco espécies: Streptococcus mutans, S. milleri, S. sanguis, S. salivarius e S. mitior, seguida por pesquisadores europeus.
O de Facklam, que reconheceu 10 espécies fisiológicas (Streptococcus sanguis I e II, S. mitis, S. salivarius, S. mutans, S, uberis, S, acidominimus, S. morbillorum, S. anginosus-constellatus e S. MG- intermedius), seguido por pesquisadores americanos.
Hoje, a capacidade de fazer comparações de material genético permitiu aos taxonomistas classificar as bactérias com base não apenas em semelhanças fenotípicas, mas também genéticas..
Atualmente é preferível definir espécie como um grupo de bactérias geneticamente relacionadas. Com base nesses critérios, pelo menos 19 espécies incluídas em seis grupos principais são reconhecidas: grupo Streptococcus mutans, grupo S. salivarius, grupo S. anginosus, grupo S. mitis, grupo S. sanguinis e grupo S. bovis.
Os SGVs são bactérias do tipo coco do tipo cadeia, gram-positivas catalase-negativas, leucina aminopeptidase positivas, pirrolidonilarilamidase negativas e não crescem em agar de esculina biliar ou 6,5% de NaCl (4).
Habitam como comensais da cavidade orofaríngea, trato genital de mamíferos, onde sua presença e fisiologia levam à acidificação do ambiente próximo, dificultando a colonização e infecção de tais sítios por outros patógenos, por exemplo, Haemophilus influenza..
Foi demonstrado que S. salivarius protege humanos da invasão da mucosa do trato respiratório superior por Candida albicans, o fungo responsável pela candidíase.
Os SGVs se reproduzem assexuadamente por fissão binária. A aquisição do SGV pelo ser humano começa desde o momento do seu nascimento.
A colonização por microrganismos origina-se da vagina da mãe, do trato respiratório superior da mãe, do leite ou da água que o bebê ingere. Também pode vir da saliva de pessoas próximas ao bebê.
A boca do recém-nascido é praticamente estéril, porém, nas primeiras mamadas, a boca é regularmente inoculada com microrganismos, inclusive SGV..
Com um mês de nascimento, praticamente todas as crianças são colonizadas por pelo menos uma espécie de SGV.
Uma vez que o novo ser é colonizado, os SGVs começam a crescer e se reproduzir até atingir um equilíbrio no qual geralmente não são patogênicos, porém, se as condições adequadas forem estabelecidas, como estados imunocomprometidos do hospedeiro, podem adquirir altos níveis de patogenicidade. ..
Os SGVs são comensais de mamíferos onde podem viver sem causar danos, mas em caso de infecções nas membranas mucosas, em estados imunocomprometidos e nos casos em que entram na corrente sanguínea, podem se tornar altamente patogênicos.
Os SGVs são mais abundantes na boca e principais componentes da placa dentária.
Um dos membros do grupo viridans, S. mutans, é o causador de cárie dentária na maioria dos casos e populações, e está envolvido na patogênese de certas doenças cardiovasculares, sendo as espécies bacterianas mais prevalentes detectadas em tecidos valvares cardíacos excisados.
Outros podem estar envolvidos em outras infecções orais ou gengivais, como pericoronite. Eles são a causa mais comum de endocardite bacteriana subaguda e ocorre quando as bactérias entram na corrente sanguínea através da colocação de vias de acesso ou qualquer procedimento cirúrgico odontológico, respiratório ou gastrointestinal..
Os SGVs foram identificados em casos de infecções neonatais e são responsáveis por bacteremia em pacientes com neutropenia, bem como peritonite bacteriana espontânea em pacientes terminais com doença hepática.
Os sintomas variam de acordo com as espécies de SGV ou espécies envolvidas e o tipo de infecção, desde dor aguda em dentes com cáries (S. mutans), até dor abdominal, íleo, febre e encefalopatia no caso de peritonite bacteriana espontânea.
A endocardite subaguda pode se manifestar por meio de febres moderadas, perda de peso, anemia, erupções cutâneas, sudorese excessiva e outros sintomas que podem dificultar a detecção e até mesmo ser confundidos com síndromes virais e outras doenças triviais..
Algumas infecções bacterianas neonatais podem ser assintomáticas e, se não forem detectadas e tratadas a tempo, podem levar a sepse, meningite ou endocardite.
Os efeitos do (S. mutans) podem ser evitados com uma boa higiene oral e limpeza mecânica. Outras infecções mais graves podem ser tratadas com diferentes agentes antimicrobianos, como ciprofloxacina, levofloxacina e cefuroxima, cefotaxima e doxiciclina..
Devido à resistência dos SGVs a uma ampla variedade de agentes antimicrobianos, a suscetibilidade à penicilina não pode ser assumida.
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