Por que perguntamos?

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Sherman Hoover
Por que perguntamos?

Por sermos pequenos, os seres humanos são grandes geradores de perguntas e, à medida que crescemos, nossa ânsia de encontrar respostas não para. E essa ânsia é o que nos leva a gerar questionamentos.

O que é uma resposta?

É a satisfação de uma demanda, algo que vamos buscar. Algo que queremos nos tranquilizar,

Existem dois tipos de resposta:

A) Respostas finais: Respostas que não têm digressão possível. Por exemplo: que horas são?.

B) Respostas existenciais: aqueles que permitem que você exista. Conforme você se pergunta, você irá respondê-las.

Temos que encontrar respostas para tudo?

As crianças são ótimas questionadoras. A criança busca que as respostas existenciais se tornem respostas finais.

As crianças nunca ficam satisfeitas com a resposta, por isso encadeiam perguntas.

Esse processo de infantilização é extremamente significativo em nossa época. Uma resposta para todas ou uma resposta pode não ser necessária.

Por exemplo: por que é tão difícil para nós acreditar no que os políticos nos dizem?? Suas respostas não são respostas. Porque não satisfazem o público, daí o descontentamento geral, e porque não esclarecem nem pretendem esclarecer. Ou seja, o pano de fundo nunca quer ser esclarecido.

Aqui está a figura do Especialista, cada vez mais perceptível em nossa sociedade. Parece que temos a necessidade constante de um especialista para resolver tudo para nós. De alguma forma nos faz sentir inseguro e levanta a questão de que talvez não saibamos tanto quanto pensamos que sabemos, nem somos tão inteligentes quanto pensamos que somos.

Precisamos cada vez mais daquele especialista do bem viver, para nos ajudar a ser felizes, ou a ser mais positivos em nossa vida. É como se tivéssemos perdido os alicerces da nossa vida. Não nos damos conta que as respostas são obtidas por nós a partir do rastro que nossas perguntas deixam.

Do ponto de vista psicológico, as pessoas procuraram seu terapeuta para conversa, gerando perguntas, mas dentro de um diálogo esclarecedor. Agora, se a resposta não for complacente, o diálogo torna-se tábua. Existe um problema bioquímico e a resposta é uma pílula, sem recorrer a esse diálogo.

Do ponto de vista educacional, os alunos não geram mais tantas perguntas. Isso tem a ver com a forma como nos identificamos com as perguntas ou respostas. Como se as perguntas expusessem o desconhecimento, escondendo-nos em respostas que não são nossas.

Graças a isto processo de infantilização, uma infinidade de "Escolas" estão surgindo. Que em muitos deles existe um verdadeiro negócio econômico.

Outro profissional hoje é o tertuliano.

Sempre que houver uma resposta, onde você vai para encontrá-la?

Em sua própria prática, em suas próprias ações. Na sensação de um ser incompleto. Nos amigos, na família, na Internet, nas redes sociais, existem diferentes formas de existência, para que cada um veja o que é melhor para si.

Isso nos torna mais cultos para ter respostas?

O que não nos torna mais cultos é não ter dúvidas.


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