Sem dúvida, a relação que se estabelece entre o terapeuta e o cliente é um elemento essencial na psicoterapia. Alguns autores chegam mesmo a afirmar que "é a relação que cura".
Deve ser entendido que o terapeuta e o cliente trabalham juntos dentro da estrutura de uma relação terapêutica bem compreendida para alcançar melhora e / ou mudança no paciente. O relacionamento terapêutico não é o mesmo que amizade ou qualquer outro tipo de relacionamento interpessoal que o cliente possa ter.
Uma relação terapêutica adequada possui algumas características que a tornam única e a diferencia, que descreveremos a seguir..
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A relação terapêutica enfoca os problemas e necessidades do cliente a partir de sua demanda. Para o terapeuta, é uma atividade profissional regulamentada.
O termo enquadramento terapêutico designa o conjunto de regras que tornam a psicoterapia viável. Estes são elementos externos e internos (atitudes do terapeuta).
Modelos | Relação terapêutica | Atitude terapêutica |
Psicanalítico | Principal elemento de cura: permite uma visão do cliente por meio da relação de transferência. | Reservado, passivo e destacado. |
Comportamental | Estrutura na qual os processos de aprendizagem do cliente são desenvolvidos e as técnicas comportamentais são implementadas. | Seguro, atua como modelo e potencializador social. |
Cognitivo | Relacionamento cooperativo, um esforço mútuo de colaboração para resolver o problema do cliente. | Ativo e lógico. |
Experiencial | Habilitando o contexto para o desenvolvimento pessoal | Aceitação do cliente autêntica, empática, calorosa e incondicional. |
Sistêmico | A visão da relação terapêutica destaca-se dos outros modelos, uma vez que entram em jogo "o sistema" e sua causalidade circular. O terapeuta e sua equipe integram-se ao sistema familiar para alterar os padrões de interação, mas correndo o risco de se tornar parte de sua dinâmica.. | Observador participante. |
Bordin (1979) propõe o conceito de aliança terapêutica como elemento indispensável em psicoterapia. Tem sua origem no modelo psicanalítico, mas hoje se tornou um conceito comum a todos os modelos teóricos. Refere-se a três componentes inter-relacionados: o vínculo terapeuta-cliente, os objetivos e tarefas da terapia.
Um exemplo de baixa concordância sobre os objetivos pode ser quando o cliente deseja resolver seu medo de falar em público, mas o terapeuta considera que a origem de sua ansiedade relacionada aos conflitos intrapsíquicos e mecanismos de defesa da infância deve ser tratada..
Exemplos de desacordo em relação às tarefas podem ser que o terapeuta deseja usar os registros como dever de casa, entre as sessões, e o cliente acha que o mesmo diálogo da sessão de terapia é suficiente. Outro exemplo seria o caso de um cliente que acredita que o terapeuta deve dar-lhe conselhos práticos estritamente relacionados ao problema e o terapeuta faz perguntas sobre o contexto familiar em que vive o paciente.
Com o tempo, essas noções receberam suporte empírico e são amplamente aceitas. Como diz Semerari (2002), “a aliança será perfeita quando o terapeuta e o paciente compartilharem os objetivos do tratamento e concordarem sobre a necessidade e a utilidade dos meios adequados para alcançá-lo [...]”. Se adicionarmos também um vínculo de boa qualidade entre o terapeuta e o cliente, estaremos nas melhores condições para prever um resultado favorável da psicoterapia.
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